28/10/10

Jogada

Desta vez vou colocar ideologia à parte.
A jogada política de Pedro Passos Coelho foi, no meu entender, muito bem tirada. Dos vários cenários que imaginei, este passou-me ao lado.
Agora, finalmente, PPC conseguiu colocar o onús da decisão de um OE chumbado ou aprovado no lado do governo.
Sempre pensei que o PSD iria aprovar o OE através de uma abstenção, o que eu acho muito mal pois um assunto tão importante como o OE não pode ser indiferente a nenhum partido. Posto isto, para mim PPC já se tinha queimado, pois depois de tanta negociação, aprovar com abstenção iria retirar toda a credibilidade que teria ganho ao fazer finca pé. No entanto, rejeitar o OE iria levar à chegada do FMI a Portugal com consequências muito negativas para o país (apesar de poder por isto na ordem, as consequências imediatas seriam muito negativas). Por outro lado, iria dar mais uma oportunidade a Sócrates para se vitimizar. Contudo, esta jogada colocou PPC novamente em campo e pode muito bem levar a melhor.

26/10/10

Pensões

PENSÕES ACIMA DE 5.000€ VÃO PAGAR IMPOSTO DE 10%
Sem comentários...!

É que é apenas a parte suplementar da pensão que vai ser cortada! O imposto, como é óbvio, devia incidir sobre a totalidade da pensão.

Chave(z) na mão

Porque é que Hugo Chávez, presidente da Venezuela, quando esteve às compras em Portugal com Sócrates, no último fim de semana em Viana do Castelo, foi desde o Porto pela A28 (umas das três recentes ex-Scut) sem pagar portagem? Em vez de isso, porquê que Sócrates não sugeriu um passeio pela EN13, a suposta alternativa à A28?

Não é preciso grande ciência, basta consultar o GoogleMaps... Os 75 Km passam a demorar 1h40 se não se apanhar trânsito em vez dos 45 minutos (mais do dobro). E isto no cenário (mesmo) remoto, da EN13 estar "limpinha" o que tão pouco corresponde à verdade! E mesmo assim, daria uma média de 45 Km à hora.

Agora imagine-se o trânsito que o pessoal (que talvez seja apelidado por Socrates de caloteiro ou sumitico) que não quer (ou não pode) pagar portagens todos os dias, vai apanhar.

O economista Pedro Arroja descreve bem a nova (ou velha) "paisagem" neste seu post (apesar de se referir a outro trajecto.

11/06/10

Manifesto pela Justiça Social

Uma das questões mais antigas do mundo será certamente aquela que se debruça sobre a perspectiva de um mundo ideal. De modo a não entrar em utopias perfeitamente válidas como a abolição da morte e das doenças e disseminação da fórmula da juventude, ou então a plantação em massa e em grande escala da árvore das patacas, vou concentrar-me apenas naquilo que considero ser uma aproximação à realidade em que vivemos e que é fisicamente possível.

Assim, considero que são três os valores que devem estar incluídos no mundo ideal que perspectivo: Igualdade, Justiça e Liberdade.

I. Liberdade

Em relação à liberdade, muito há a dizer. Talvez demasiado. Portugal ficou marcado por uma era em que a liberdade de expressão foi fortemente mitigada e deixou marcas profundas nas pessoas. Marcas de tal grandeza que qualquer movimento político que não seja da dita esquerda é visto imediatamente como fascista. Por outro lado, tenho a impressão que a esquerda é vista na maior parte das vezes como politicamente correcto e a direita é olhada com desconfiança. No entanto não é este debate que se exige na temática da liberdade.

A condição essencial para a existência da liberdade é a existência de regras. Assim, é essencial a existência de um Estado de Direito para que nos possamos sentir livres. Isto porque, recordando a velha máxima, “a minha liberdade acaba onde começa a tua”. Se não houvesse regras não seríamos livres. Andaríamos com medo e receio e seria a lei da selva, a do mais forte, que iria estar vigente. É por esta razão que por exemplo a lei do tabaco, que proíbe o acto de fumar em locais fechados (com as suas excepções) apenas peca por ser tardia. De facto, até então nunca me senti livre a não ser em locais que faziam a distinção entre fumadores e não fumadores.

A reter, fica a condição essencial e necessária para a existência de Liberdade: Regras.

II. Igualdade

“Todos diferentes, todos iguais” esta é talvez uma das frases em que mais se insistiu na promoção da igualdade. A ideia fundamental desta questão é que devemos reconhecer as nossas diferenças sem que haja discriminação de tratamento. Contudo, alerto para o risco de uma má interpretação que queira tornar-nos todos iguais. É que não somos! E agora insisto eu: devemos é aceitar que não somos iguais.

Aproveitando o balanço do parágrafo anterior, pretendo demonstrar a minha concepção da igualdade. Não acho que o caminho da igualdade deva ser traçado num sentido de absoluta igualdade. Não seria correcto. Não premeia o esforço nem a produtividade e seria um incentivo ao ócio. A promoção da igualdade deve ser feita a nível das oportunidades. Uma sociedade será igualitária quando conseguir que todos os seus membros tenham uma efectiva igualdade de oportunidades. É aqui que entra a questão dos padrinhos e cunhados. Nessa sociedade longínqua estes termos pertenceriam apenas ao léxico das relações familiares.

Assim, o verdadeiro sentido da igualdade numa sociedade ideal é ao nível da igualdade de oportunidades para todos os membros.

III. Justiça

Não foi certamente despropositado que deixei para último este valor. Se conseguirmos juntar os dois primeiros, estaremos muito próximos de atingir a justiça. Apenas com regras e igualdade de oportunidades é possível atingir e mensurar a justiça.

Mas o debate em torno da justiça leva-nos para a dicotomia “Fair Rules vs Fair Results”, que em verdade já foi discutido no tópico anterior. Uma sociedade justa não será aquela que consiga tornar todos os indivíduos iguais, mas sim aquela que conseguir proporcionar igualdade de tratamento imparcial a todos os seus membros.

No âmbito da justiça, existe contudo uma parcela que é necessária abranger de modo a tornar a análise, e passe a redundância, justa. Estou a falar da justiça social. Num mundo em que não existe igualdade de oportunidades, justiça social é a prossecução dessa igualdade e, ao mesmo tempo, a promoção de um sentido de solidariedade para atingir esse fim.

Não estou a falar de um apoio aos coitadinhos e aos pobrezinhos. Não é assim que a questão deve ser vista. Estou sim a falar de uma perda voluntária e individual em torno de ema menor divergência entre os membros de uma sociedade. Quando a acção voluntária não é suficiente, cabe ao próprio Estado garantir as condições socio-económicas que promovam tanto quanto possível as condições de acesso às mesmas oportunidades.

O âmbito da justiça é tornar as regras justas para todos de modo a atingir-se a igualdade de oportunidades.


É esta a triologia de princípios que defendo para um mundo ideal. Com elas, não existiria fome no mundo e todos tinham a mesma oportunidade para traçarem livremente o seu caminho. No entanto, no final, o resultado não seria igual para toda a gente. Iria premiar os melhores, os que mais se esforçaram e penalizar os que preferem ócio em detrimento do trabalho. O grande desafio, seria constantemente proporcionar igualdade de oportunidades que reconheço ser o pilar mais difícil de alcançar.

01/04/10

A Mãe dos Enfermeiros

Já na anterior greve dos enfermeiros eu manifestei o meu profundo desagrado. Independentemente das suas razões (com as quais eu não concordo), eu gostava de perguntar a algum dos enfermeiros se a sua mãe tinha alguma operação marcada e foi cancelada? Ou se a sua mãe está internada e não tem por isso quem olhe por ela (pois os serviços mínimos estão obviamente na UCI - alguns nos cinemas UCI mas quero referir-me à unidade de cuidados intensivos)? E já agora, esta semanita antes da Páscoa dá um jeitão para se estar de greve...
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Já que a economia é a minha área, vou dar-vos algumas luzes:
1. Quantos colegas enfermeiros têm vocês? Imensos não é?! Ora se a oferta (de enfermeiros) é muito elevada, é natural que a procura (os hospitais e afins) pague salários mais baixos. Mas não é por aí.
2. Sabem quanto ganham os licenciados por esse país fora, no sector privado? Alguns até ganham metade do que os enfermeiros no início de carreira. Pois... Isso é muito pouco não é?! É quase o salário mínimo mas é este o ponto em que chegamos. E estamos a falar de cursos a sério em universidades de prestígio.
3. "Mas nós ganhamos menos que os outros na função pública". E eu ganho menos que os outros no sector privado. E qual é a solução? Procurar alternativas. Não é por isso que eu digo aos clientes para terem paciência mas que esta semana quero mostrar ao país que ganho pouco e não gosto disso. Muito menos faria isso a doentes.
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Em termos morais, não sou ninguém para julgar ninguém, mas digo-vos que acho muito mau o que estão a fazer aos doentes. São eles que ficam prejudicados. Não é a ministra, nem sequer o sócrates. São mesmo os doentes. Os que têm que adiar as suas operações e os que já estão à espera e assim vão continuar. Em termos profissionais, acho que também não estão a cumprir com o vosso dever. Mas cada um sabe de si e sabe como consegue dormir à noite.
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PS: E se os hospitais fossem privados?!

17/03/10

Deprimente

O problema do desemprego vai permanecer nos próximos 2 a 3 anos (contrariando as minhas próprias expectativas) segundo referiu a Dr. Margarida Lopes, especialista em Economia do Trabalho, em declarações à Antena 3. O grupo mais afectado serão os jovens licenciados.